O uso da resina Bis-acrílica no processo de restauração da dimensão vertical

Introdução

Todos os dias pacientes procuram clínicas odontológicas em função da dor e desconforto gerado pelos problemas na articulação têmporo mandibular e suas consequências. As mais diversas etiologias levam ao desgaste da superfície oclusal de elementos dentais anteriores e posteriores gerando a perda da dimensão vertical (DV).1
A reabilitação destes processos deve iniciar com a recuperação da DV até o ponto onde o paciente recupere a normalidade da estética, função, fonética e ausência de sintomatologia para inciar a reabilitação definitiva. Normalmente são utilizadas placas articulares como coadjuvantes do processo.2,3
Neste trabalho é relatada uma técnica de simples execução de duas placas adesivas estéticas para uso contínuo afim de se restabelecer provisóriamente a nova DV.4
Relato de Caso Clínico
Paciente leucoderma, gênero masculino, 57 anos, procurou a clínica particular apresentando relato de mais de 10 anos com dor difusa constante na hemiface esquerda. Ao proceder o exame clínico foi constatado o desgaste severo nas oclusais e incisais, além de uma perda na DV e movimentos de lateralidade (Figura 1).
O mesmo submeteu-se no passado a um tratamento restaurador direto nas oclusais dos superiores e inferiores. A grande maioria destas restaurações apresentaram-se desgastadas ou fraturadas. Com este quadro clínico foi detectada a necessidade de encaminhamento a terapêutica de Ortopedia Funcional dos Maxilares através de aparelhos de Pistas Indiretas Planas Simples (PIPS). Estes aparelhos foram dispostos em duas partes: inferior e superior, sendo a sua ação bimaxilar. O objetivo desta conduta terapêutica foi promover o restabelecimento da altura oclusal e incisal do paciente (Figura 2).
Após a definição desta altura,onde o paciente já não relatava mais dor e desconforto, foram feitos registros oclusais (OBite, DMG) para a determinação exata do espaço disponível entre as arcadas para o enceramento de diagnóstico em Articulador semi ajustável (JP30, Gnatus) após registro em arco facial.
O enceramento realizado em todos os dentes de ambas arcadas proporcionou uma visão prévia dos trabalhos a serem realizados na DV indicada para a manutenção do sucesso do tratamento e ausência de sintomatologia do paciente.
A precisão de escultura (Figuras 3 e 4) possibilita a obtenção de um perfeito modelo que irá dar origens as placas de acetato que serão utilizadas
na confeção dos dispositivos inter oclusais fixos.
Os motivos da escolha deste tipo de placa vão desde a lisura superficial do material, estabilidade dimensional, visualização do processo, facilidade de ajuste e rapidez de procedimento (Figura 5).
O material utilizado neste procedimento foi a resina Bis-acrílica (Protemp 4,3M) pela sua alta quantidade de cargas nanoparticuladas gerando maior resistência e polimento, a facilidade de aplicação, baixa contração de polimerização, baixa adesividade de pigmentos e baixa alteração térmica.5-10
Com estas características o material apresenta-se credenciado para substituir a resina acrílica convencional utilizada nestes processos (Figura 6).
Após a imediata aplicação, a placa é removida e são removidos os excessos com instrumentos rotatórios ou lâmina de bisturí n15 e preenchidas as eventuais bolhas com resina flow. Pequenos ajustes oclusais devem ser feitos após a confecção de ambas as arcadas (Figura 7).
O material apresenta uma excelente retenção mecânica que possibilita o uso do dispositivo durante as refeições sem movimentações. A higienização é feita normalmente com um cuidado especial no uso do fio dental com o auxílio do passa fio ou Super Floss (Oral B).
O procedimento finalizado mostra a reabilitação temporária da DV, gerando a função, estética e fonética necessários para a determinação do planejamento dos trabalhos definitivos após 3 meses de utilização (Figuras 8, 9 e 10).
Conclusão
O restabelecimento correto da DV préviamente aos processos de reabilitação é fundamental para o sucesso do tratamento evitando possíveis intercorrências geradas por falhas no planejamento. Conduzir o paciente a um patamar de equilíbrio e ausência de sintomatologia antes da execução do tratamento também é de suma importância além de continuar controlando os hábitos parafuncionais e estado emocional com o trabalho multidisciplinar com psicólogos e fisioterapêutas nos casos indicados.
Esta técnica proporciona previsibilidade de resultados, diminuindo a ansiedade de paciente e profissional.
———————————————————————-
Agradecimento: À Dra Áurea Fahel pela consultoria, colaboração e brilhante conduta na área de Ortopedia Funcional dos Maxilares

AUTORES

Dr Marcelo Rodrigues Alves
Débora Firmino
Veja o PDF

Agende seu horário

Entre em contato por email ou pelo nosso WhatsApp

AGENDE AGORA