Odontologia minimamente invasiva: qual o limite?
Técnica restauradora de manchas brancas em pacientes jovens

RESUMO:
A escolha correta do plano de tratamento em pacientes jovens passa por um diagnóstico criterioso, conceitos de Odontologia minimamente invasiva e uma boa comunicação com o paciente e seus responsáveis. Este trabalho propõe exemplificar uma abordagem detalhada para a obtenção de resultados adequados ao perfil do paciente e sua faixa etária.
Descritores: Manchas brancas; tratamento; resina composta
INTRODUÇÃO:
A Odontologia Estética nos últimos anos tem apresentado inúmeras técnicas relacionadas à obtenção de sorrisos harmônicos. O fato é que esta harmonia subjetiva passa por alternativas terapêuticas que podem ser invasivas mesmo consideradas reversíveis.1
Outro caminho são as soluções minimamente invasivas que imediatamente atingem seus objetivos, mas podem gerar o efeito rebound com o passar do tempo por não terem sido removidas inteiramente as causas ou tecidos lesionados.2
O caminho mais adequado para a tomada de decisão do plano de tratamento passa por um bom diagnóstico clínico e radiográfico, análise das expectativas do paciente, faixa etária e proservação do caso, mesmo sendo aparentemente simples. Em pacientes jovens, a preocupação sobre invasividade muitas vezes nos leva a decisões equivocadas que nos induzem a tratamentos inadequados que futuramente podem trazer novas oportunidades de desgaste.
O Cirurgião-Dentista, por sua vez, tem uma formação baseada na preservação do tecido dental a qualquer custo, o que nos conduz a necessidade de realmente conhecer toda a extensão de uma lesão para removê-la completamente com segurança sem desgastar esmalte e dentina sadios.
A hipoplasia de esmalte e a fluorose geram alterações estéticas importantes em pacientes jovens. Estes, por estarem inseridos em uma sociedade na qual a cobrança por uma imagem ideal é enfática, podem desenvolver uma perda de autoestima quando não apresentam o padrão estético predeterminado.3
As pequenas lesões brancas podem ser incipientes, praticamente imperceptíveis ou aparentes. O clareamento dental em muitos casos aumenta a possibilidade de percepção destas lesões, gerando a necessidade de tratamento reabilitador.4
O uso do clareamento dental em pacientes jovens ainda é uma indicação discutida nos meios científicos em função da alta permeabilidade da dentina e do volume do tecido pulpar principalmente em dentes anteriores, o que pode gerar efeitos colaterais indesejáveis. Em casos onde se faz necessário
o clareamento neste perfil de paciente, a técnica utilizada foi preconizada por Haywood e Haymann com a indicação de peróxido de carbamida 10% durante 14 dias em uso noturno com controle periódico pelo profissional responsável.5,6
É importante ressaltar que a qualidade da informação entregue ao paciente, nestes casos, antes do início do procedimento, é fundamental para a manutenção da credibilidade da relação paciente/profissional. A evidenciação das lesões neste período podem gerar dúvidas em relação à condução do tratamento por
parte do paciente. Saber que o quadro apresenta uma piora inicial aumenta o potencial de colaboração e participação do paciente em conjunto com o controle de sua expectativa.
A microabrasão pode resolver o mascaramento dependendo de sua profundidade. Este diagnóstico pode ser feito por meio da transiluminação, utilizando o fotopolimerizador ou leds brancos, especialmente desenhados para diagnóstico. Em casos que não permitem a passagem de luz pela baixa translucidez do esmalte danificado, a imagem da lesão obtida por esta técnica é mais escura, sendo necessário o desgaste seletivo do tecido.
Para atingirmos o objetivo de poupar o esmalte sadio, o uso de pontas diamantadas de alto potencial de corte é contraindicado, pois o jato de água das peças de mão em alta rotação mascara estas lesões, dificultando a correta identificação do que deve ser removido. O uso de instrumentais de rotação elétrica microprocessada com brocas multilaminadas ou técnicas de preparo com ultrassom facilitam o processo. Lesões em esmalte são mais bem evidenciadas quando este é desidratado, sendo necessária a constante checagem com o jato de ar para identificação correta, associada ao uso da transiluminação.7
A técnica adesiva indicada é a de total etch, pois o remanescente certamente será composto de uma maior porcentagem de esmalte, menos sucetível às técnicas autocondicionantes. Após o uso do ácido fosfórico no condicionamento, o esmalte também pode apresentar uma característica mais opaca pela perda do brilho característico. Neste momento, caso não se tenha certeza da qualidade do preparo realizado, pode-se ser levado a um desgaste complementar, o qual poderia atingir tecidos que não deveriam ser removidos.
A seleção da resina composta a ser utilizada também passa pelo conhecimento de suas propriedades. Cada marca comercial apresenta suas características, o que nos leva a selecionar o compósito por suas propriedades ópticas em casos de pequena espessura. Algumas marcas comerciais tem apresentado o sistema de diferentes tonalidades de dentina e esmalte não representados pela escala vita. Esta tendência tem aumentado no mercado mundial. No caso clínico a ser apresentado, o sistema (Aura, SDI, Austrália) apresenta resinas nanohíbridas para a dentina, enquanto as resinas de esmalte são compostas de microparticulas pré-polimerizadas que, segundo o fabricante, aumenta a sua resistência. As resinas microparticuladas são conhecidas pelo alto polimento.
Durante o processo restaurador, neste tipo de caso onde está envolvida uma maior quantidade de elementos a serem restaurados, a hidratação do esmalte é um fator importante para não haver uma falsa impressão de lesões remanescentes. Para evitar o ressecamento, as restaurações foram feitas individualmente e os dentes preparados foram cobertos com algodão umidificado para manter as características ópticas.
Por tratarem-se de restaurações incipientes realizadas com esmalte microfill, o processo de polimento é simples com o uso de sistemas de discos ou borrachas abrasivas.
RELATO DE CASO
Paciente de 15 anos, sexo feminino, apresentava lesão hipoplásica em esmalte em vários elementos superiores anteriores. Após o diagnóstico criterioso e discussão com os pais da paciente, foi proposto o tratamento restaurador em resina composta com o prévio clareamento dental de uso caseiro assistido pelo profissional. A técnica é descrita a seguir.Odontologia minimamente invasiva: qual o limiteOdontologia minimamente invasiva: qual o limiteOdontologia minimamente invasiva: qual o limite

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AUTORES

Dr Marcelo Rodrigues Alves
Dra Camila Imperador R. Alves
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