Tratamento de manchas brancas: Diagnóstico e tecnologia associados ao planejamento estético

RESUMO
O princípio básico de qualquer tratamento odontológico bem executado é o correto diagnóstico. Quando associado à técnica adequada, a sinergia resulta em procedimentos simplificados, de alta previsibilidade e produtividade. Este trabalho propõe técnicas associadas no tratamento de Hipoplasia de esmalte, com objetivo de minimizar os preparos e, consequentemente, facilitar o processo restaurador direto.
Descritores: Manchas brancas, diagnóstico, resina composta.
INTRODUCÃO
A Hipoplasia do Esmalte representa um distúrbio durante a amelogênese, podendo ser de causas sistêmicas (quando afeta bilateralmente vários dentes superiores ou inferiores, em específico nas áreas correspondentes à sua formação no momento da atuação) ou induzido por causas locais, comprometendo isoladamente um dos dentes. Este distúrbio representa um grupo de situações onde o esmalte tem sua formação interrompida momentaneamente, ou é formado com estrutura anormal de sua matriz orgânica e/ou de seus cristais e prismas1.
Quando estabelecida a Hipoplasia do Esmalte, não há reversibilidade no processo. Ou seja, o dente está permanentemente afetado. No entanto, procedimentos restauradores podem corrigir os defeitos funcionais e estéticos decorrentes desta condição.
Diferentemente da mancha branca por cárie, que pode ser corrigida pela remineralização, uma mancha branca2,3 (hipoplasia de esmalte em sua forma mais branda) não pode ser revertida funcional e esteticamente através deste procedimento. O defeito da Hipoplasia do Esmalte está na deposição da matriz orgânica e/ou no padrão de mineralização, onde não é possível reorganizar a área tecidual afetada.
O uso de resinas compostas tem obtido êxito na reabilitação de casos de Hipoplasia do Esmalte4. Antigamente, pensava-se que a adesão da resina composta ao esmalte hipoplásico seria significativamente comprometida5. Entretanto, foi demonstrado que a presença de prismas de ultraestrutura normal favorece a adesão das resinas compostas6.
Em casos onde a intervenção estética faz-se necessária, o clareamento dental torna-se um pré requisito nos casos onde além da hipoplasia, o paciente apresenta dentes escurecidos impossibilitando um tratamento de excelência.
O clareamento dental promove a intensificação das manchas brancas em esmalte7 determinando a necessidade de remoção das mesmas em detrimento do procedimento restaurador. A escolha entre microabrasão e preparo está, principalmente, no volume da lesão, determinado clinicamente pela transiluminação.
No que tange a remoção de lesões cariosas e não cariosas, a Odontologia vem evoluindo conceitualmente de um modelo cirúrgico restaurador para um modelo voltado à promoção de saúde bucal que prega por uma Odontologia Minimamente Invasiva, com foco na prevenção, no diagnóstico precoce e, conseguinte, tratamentos minimamente invasivos, que não onerem uma perda desnecessária de tecido dental sadio.
Nesse contexto, considerando as técnicas e tecnologias envolvidas no tratamento de lesões, especialmente em relação a lesões de mancha branca, estão disponíveis no mercado instrumentos que permitem ao profissional um trabalho preciso em sinergia com os preceitos minimamente invasivos. Como
podemos ver nesse caso clínico, o emprego do motor elétrico em detrimento as peças de mão convencionais permitiu um trabalho com altíssimo controle da relação de velocidade e torque. O alto torque em baixas velocidades permite que a remoção do tecido de interesse (lesão de mancha branca) no tratamento seja feito de forma precisa, diferentemente do emprego das peças de mão convencionais onde a alta velocidade e baixo torque limitam a execução de um trabalho com excelência.
Com a utilização do sistema Optma MX (Gnatus Bien-Air) as relações de transmissão de velocidade – rotação e torque – podem ser ajustados de acordo com a necessidade clínica do profissional. Nesse mesmo caso, em sinergia ao motor elétrico, destaca-se a utilização do ultrassom associado ao uso de pontas diamantadas (CVD Dentus), que assim como os motores elétricos também reduz desconforto sonoro proveniente dos instrumentos rotatórios convencionais e tem sido recomendado como alternativa às peças de mão convencionais em preparos cavitários. O emprego das pontas diamantadas associado às técnicas ultrassônicas permite de forma precisa o refinamento do preparo na remoção de lesões de mancha branca, sendo indicada também em regiões próximas ao terço cervical, não onerando danos a tecido moles e favorecendo, assim, os procedimentos restauradores.
Contudo, para entender os conceitos atrelados ao uso da baixa velocidade e alto torque devemos entender suas premissas. Sendo assim, o torque seria a medida de o quanto uma força aplicada a um objeto em um ponto faz esse objeto girar, o qual tem relação direta com o tempo (velocidade) necessário para a rotação do mesmo.
O emprego de uma transmissão de velocidade de 1:5 pelo uso de contra-ângulos multiplicadores nos motores elétricos permite no sistema que uma relação de torque seja ajustada em 0.63 Ncm. Ainda que esse conjunto alcance um giro de 100.000 rpm, sua relação de torque é quase cinco vezes maior que as turbinas de alta rotação convencionais, que trabalha em 420.000 rpm e um torque de 0.13 N. Tal característica tem relação direta com a diminuição do tempo necessário para condução do procedimento, diminuindo, inclusive, a transmissão de calor às estruturas dentais.
Com uma menor microdureza em relação ao esmalte hígido8, as lesões brancas demandam torque e velocidade adequadas para a remoção total da lesão sem comprometer tecidos saudáveis
RELATO DE CASO CLÍNICO
Paciente 18 anos, sexo masculino, apresentava lesão hipoplásica de esmalte em vários elementos superiores e inferiores. Após diagnóstico por meio de transiluminação foi descartada a hipótese de microabrasão pela espessura da lesão.
Desta forma, foi proposto tratamento restaurador minimamente invasivo pós clareamento nos elementos com lesão mais severa, sendo o 12, 11 e 21 na face vestibular. A técnica, materiais e equipamentos são descritos nas fotografias a seguir


CONCLUSÃO

As novas técnicas de diagnóstico e preparo cavitário utilizadas e baseadas em evidências científicas possibilitam a profissionais e pacientes a prática de uma Odontologia mais segura e previsível

AUTORES

Dr Marcelo Rodrigues Alves
Dr Álvaro Augusto Junqueira Júnior
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